Resenha do livro: Perto do coração selvagem *MUITO LENTO*
Bom dia, voltei com mais um post, não vou usar nossa estrutura padrão de resenha porque o livro de hoje é selvagem então a resenha dele vai ser também, acompanhem.
"Perto do coração selvagem" é o primeiro livro que Clarice Lispector publicou, o livro conta a trajetória de Joana, explana a vida dela desde a infância até a vida adulta, tem uma linguagem poética, lenta, não linear, ou seja, vai e volta nos acontecimentos e faz o leitor imergir na mente da personagem.
Na infância Joana era solitária, cheia de pensamentos avançados para a sua idade, curiosa, criativa e tinha perguntas que os adultos não conseguiam resolver, ela perdeu a mãe muito novinha e passou a viver com o pai, depois o pai faleceu e ela foi morar com os tios, mas após roubar um livro e não ter nenhum tipo de arrependimento a tia considerou Joana uma "víbora" e enviou a pré-adolescente para um colégio interno.
Já na adolescência, Joana se apaixona pelo professor, mas não foi correspondida, depois (já adulta) ela conhece outro homem chamado Otávio em uma situação um tanto inusitada em que ela joga um caderno na cabeça de um cliente no trabalho.
Otávio tinha uma noiva, chamada Lídia, ele se separou da noiva e casou com Joana, mas depois de anos de casamento passou a trair Joana com Lídia e engravidou a amante. Aí a Lídia chamou Joana para conversar e explicar que estava grávida de Otávio. Joana e Otávio terminam, mas antes disso ela trai ele com um homem desconhecido. O livro finaliza com Joana sendo abandonada pelos dois homens (o ex marido e o amante) e refletindo sobre a morte.
O livro tem uma escrita bem cansativa, é poético demais, difícil de entender, pesado, mas tira o leitor da zona de conforto e usa a personagem Joana para entrar no coração selvagem da existência humana. Joana descobre a si mesma durante o livro, o foco é total nos pensamentos e ela se mostra uma mulher muito independente, que foge dos padrões da época e que não prioriza o casamento, ela não tem empatia por outras pessoas e tem um protagonismo exagerado, esse foco no individualismo de Joana traz um charme para o livro.
Clarice Lispector trouxe com muita ênfase as diferenças entre Lídia e Joana, enquanto Lídia era delicada, sonhava com o matrimônio, carinhosa, empática e sentimental, Joana era fria, seca, sem empatia, pensativa, não se importava com casamento e era considerada uma víbora. A intenção da Clarice nunca foi criar uma personagem amada pelos leitores, ela buscou mostrar uma personagem diferente, que não agrada e que pensa demais.
A leitura foi tão cansativa que pensei em abandonar várias vezes, mas como vou precisar pra fazer um negócio importante fui até o fim, o que me conforta é que Clarice e Joana queriam mesmo é que eu não gostasse e que eu me sentisse incomodada com as coisas que foram escritas, literatura tem a importante função de fazer o leitor raciocinar, cansar a mente e tirar da zona de conforto. Recomendo a leitura do livro para aqueles que gostam de tentar entender a mente humana e buscam conhecer melhor o estilo único de escrita da Clarice. Ou seja, tenho opiniões contraditórias porque ao mesmo tempo em que não gostei, gostei de não ter gostado. Quem sou eu? Garota do blog, xoxo.
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