Resenha do livro: A biblioteca da meia noite

 Esse livro é super famoso e resolvi ler pensando nessa minha fase de leitura em que viciei em livros profundos que falam sobre a existência humana por meio da ficção. Devido ao número imenso de indicações, precisei descobrir se era realmente tão bom assim.

SINOPSE

Nora Seed é uma adulta de 35 anos muito frustrada com os rumos da sua vida, ela decide acabar com tudo quando se depara com a perda de emprego e com a morte do seu gato. Nora coleciona frustrações, arrependimentos e no dia em que decide morrer ela é transportada para a biblioteca da meia noite, um lugar suspenso entre a vida e a morte, onde ela pode alterar as decisões que tomou na vida e reverter os seus arrependimentos. Cada livro representa uma vida diferente e com a ajuda da bibliotecária, Nora consegue experimentar várias versões dela mesma, sendo transportada para a realidade do livro escolhido.

MINHA OPINIÃO 

No início foi muito difícil me conectar com a história, Nora era uma mulher sem perspectiva e sem profundidade nas primeiras páginas, então pensei que ela não conseguiria sustentar o protagonismo, mas conforme as páginas foram passando, o livro foi ganhando profundidade, a protagonista foi ganhando camadas, as histórias foram se interligando e o livro conseguiu me conquistar.

Achei criativa a proposta que o enredo trouxe, amei acompanhar as diferentes vidas que Nora experimentou e amei as referências que o livro conseguiu abordar, a narrativa dialogou muito com filosofia, física quântica, teorias de multiversos, teoria do caos, efeito borboleta, músicas, conceitos científicos, teóricos, o que tornou o universo ficcional cada vez mais palpável. É muito bom poder ler um livro de ficção que tenta explicar cientificamente as lacunas que o enredo traz. Porque todo livro de ficção está sujeito a não parecer real, não tem obrigação nenhuma de explicar as coisas que acontecem, visto que nada daquilo é real, mas "A biblioteca da meia noite" conseguiu fazer com que o leitor pensasse que dentro daquele universo literário tudo fazia sentido e tudo poderia ser explicado. 

Os personagens foram ganhando camadas e profundidade a cada vida nova que Nora experimentava, inicialmente achei todos muito rasos e já me preparei pra criticar até a alma da narrativa, mas deu tudo certo e consegui me conectar. A falha de narrativa que percebi foi no conflito final, acho que poderia ter demorado um pouco mais para se desenvolver, teve um problema de fluxo, ou seja, um início muito lento e um final muito rápido, o que deu a sensação de que o autor poderia ter demorado menos para desenvolver o início e demorado mais para desenvolver o final. Não sei se foi proposital essa quebra de fluxo, mas me incomodou um pouco. Outra coisa que me incomodou foi o número de frases prontas e produzidas exclusivamente para gerar posts bonitinhos no instagram, esse inclusive é o problema da maioria dos livros famosinhos, parece que tudo é planejado minunciosamente apenas pra ser postado, que não encaixam na narrativa e fazem com que tudo pareça muito superficial, mas como eu sou blogueira literária, esse problema nunca é um problema tão grande porque vou simplesmente fazer o que o livro quer que eu faça (divulgar as frases bonitinhas nas redes sociais).

Tirando umas pequenas falhas técnicas nos diálogos e no ritmo, foi uma experiência muito boa, deu vontade de viver, propôs reflexões sobre a vida e deu o descanso cerebral que a literatura de ficção promete. Como sempre, fui pesquisar algumas críticas e opiniões de outros leitores, vi muita gente falando que achou repetitivo ter que ler sobre cada vida da protagonista (discordo, acho que a proposta do livro era exatamente essa), que a reviravolta não foi inesperada (e pra mim realmente não foi, porque peguei spoiler), muita gente disse que o livro se voltava para a autoajuda (concordo um pouco). Enfim, apesar de tudo, gostei bastante, cumpriu aquilo que prometeu e toda a parte filosófica existencialista explica o sucesso absurdo desse livro. Não acho que tenha sido um livro que MUDOU minha vida, nem que tenha sido UAU, mas é bem construído, bem escrito, teve menos falhas narrativas do que eu esperava e a experiência pessoal foi boa. 4 estrelas.

FRASES INTERESSANTES

"Há vidas em que você toma diferentes decisões. E essas decisões levam a resultados distintos. Se tivesse feito apenas uma coisa de maneira diferente, você teria uma história de vida diferente. E todas existem na Biblioteca da Meia-Noite. Todas são tão reais quanto esta vida."

"Quer dizer, as coisas seriam bem mais fáceis se a gente entendesse que não existe um certo modo de viver que nos torne imunes à tristeza. E que a Tristeza é parte intrínseca do tecido da felicidade. Não dá pra ter uma sem a outra."

"Uma pessoa é como uma cidade. Não se pode deixar que algumas áreas menos aprazíveis provoquem uma repulsa generalizada pelo todo. Pode ser que haja algumas partes das quais você não goste, umas ruas e uns bairros perigosos, mas as coisas boas fazem o todo valer a pena."

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