Resenha do livro: O meu amigo pintor *muito bom*

 Esse livro foi do tipo que aquece o coração, aborda um assunto pesado com uma linguagem simples, que cativa todas as idades.

SINOPSE

Cláudio é um menino de 11 anos e leva uma vida tranquila, que muda totalmente a partir da morte do seu amigo, ele passa a questionar as causas da morte, narra as lembranças que teve com o amigo, escreve sobre os sentimentos, sonhos e traz reflexões que carregam muita sensibilidade. O amigo que morreu era pintor e mesmo com as diferenças de idade, era uma amizade profunda, eles jogavam gamão, pintavam, conversavam, então Cláudio vivenciou um luto muito doloroso, que não era entendido pelos adultos. O livro retrata o luto sob a perspectiva de uma criança, a narrativa se apresenta em forma de diário, possui uma linguagem fácil de entender e se passa nos dias que sucedem a morte do amigo pintor.

MINHA OPINIÃO SOBRE

É um livro que se passa no Brasil, é escrito em prosa, mas tem uma linguagem poética, acho que no fundo, o livro fala sobre uma amizade improvável de uma criança feliz com um adulto pintor melancólico. Na nota que a autora deixou no final do livro, ela comentou que Cláudio era o nome do seu irmão que morreu e o pintor é a união de características e contextos históricos que marcaram ela de alguma forma. Amei o fato de se passar em território nacional, amei a escrita tão profunda e tão fácil ao mesmo tempo, foram retratadas várias fases do luto, que passou desde a negação até a aceitação. 

A escritora trouxe a união entre melancolia (do pintor) e entusiasmo (da criança), ela trouxe uma conexão entre cores, pinturas, arte, morte, vida, incerteza, descobertas... eu poderia facilmente passar horas aqui descrevendo tudo o que aconteceu nesse livro, mas não quero estragar a experiência de vocês, a experiência de começar a ler sem expectativa e terminar querendo que tivesse o dobro de páginas, a experiência de amar cada segundo de leitura, de sentir vontade de chorar e vontade de viver ao mesmo tempo. 

É um livro que desestrutura totalmente a figura que a sociedade tem sobre crianças, é um apelo para que os adultos alterem a forma de tratar as crianças, que parem de fingir que crianças são seres "não pensantes". No fundo todo mundo tem um pouco de criança dentro de si, e toda criança tem um pouco de adulto. Deu vontade de passar horas conversando com o protagonista, deu vontade de entender melhor tudo o que aconteceu e de acolher a dor que ele sofreu. 

"O meu amigo pintor" é um tapa na cara no bom sentido, não vou ficar fazendo análises técnicas da narrativa porque nem precisa, é um livro só pra sentir, só pra ativar o lado humano, pra desativar aquela parte de querer sempre levar uma vida mecânica de análises. Amei cada segundo, amei cada frase, cada capítulo, cada pensamento, só não dei 5 estrelas porque achei muito curto, queria que tivesse durado mais.

ALGUNS TRECHOS

São trechos longos, mas prometo que vale a penaaaaaa

"Nevoeiro assim forte quase sempre passa logo. Mas dessa vez não passou: era um nevoeiro comprido, que durou a tarde toda e a noite inteirinha também. A toda hora o Pintor espiava na janela. E nada da vontade de m@rrer acabar. Foi por isso que ele se enganou: achou que a vontade nunca mais ia passar e então resolveu matar a vontade. Tipo do engano sem jeito: no dia seguinte amanheceu um céu azul bonito mesmo. Mas aí o Pintor já tinha virado fantasma."

"Eu fico lembrando dessa cena e fico pensando uma coisa: será que um artista pode amar tanto o trabalho dele que, se ele acha que o trabalho não tem vida, ele também não quer mais ter?"

"De repente comecei a me sentir todo escuro por dentro. Tão escuro que não dava para enxergar mais nada dentro de mim."

"E o coração vermelho é coração de todo dia. O meu não está que nem todo dia, ele tá todo diferente; então tem que ser de outra cor."

Foi isso, espero que tenham gostado e que esse livro possa despertar em vocês toda a magia que só a literatura proporciona.

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