Resenha do livro: O olho mais azul

Esse livro não estava na minha lista de leituras, mas assim que eu bati o olho na sinopse simplesmente soube que precisava ler imediatamente.

SINOPSE

"O olho mais azul" conta a história de Pecola Breedlove, uma menina negra que vive nos Estados Unidos na década de 40, um período marcado por leis raciais extremamente cruéis, além disso ela pertence a uma família problemática e sofre racismo em todos os âmbitos de sua vida. Rodeada pelo padrão de beleza imposto por Hollywood da época e percebendo a diferença na forma como brancos e negros eram tratados, Pecola ora todas as noites para que tenha olhos azuis. A autora Toni Morrison ganhou o prêmio Nobel de literatura e a obra aborda temas importantes como racismo, imposição de padrões de beleza, critica a estrutura da sociedade, denuncia as práticas abusivas e retrata com muita sensibilidade o ponto de vista de crianças diante das mais diversas situações.

MINHA OPINIÃO

Eu amei a escrita da Toni Morrison, ela foi genial não só nos temas abordados, mas também na construção de uma narrativa na qual ela intercalou vários pontos de vista dos mais diversos personagens. É um livro que dói, esse ano estou me acostumando com essa literatura crua e reflexiva, mas não importa quantos livros eu leia acerca desses temas, ainda dói. "O olho mais azul" não é um livro para ler e descansar, não é um livro para dar risada, não tem romance e não é uma leitura fácil, muito pelo contrário, é uma leitura que vai fazer o leitor refletir, questionar, entender, chorar e se revoltar contra vários acontecimentos. Inclusive era exatamente isso que eu estava procurando, queria sentir a literatura na sua versão mais realista e imersiva, é o tipo de ficção que não parece ficção porque tem um embasamento histórico muito forte por trás.

Realmente não tenho o que criticar, o desenvolvimento foi impecável, o contexto foi bem explicado, o cenário foi magnético, os personagens tiveram uma construção sem falhas, o enredo não teve furos e tudo aquilo que eu costumo criticar não cabe a essa resenha porque esse livro foi uma obra de arte. A linguagem não é extremamente fácil, mas com um pouquinho de pesquisa sobre o contexto da época consegui entender direitinho (ou pelo menos acho que entendi), as críticas que li na internet estavam se referindo unicamente à dificuldade de entender a linguagem e realmente pode ser difícil para várias pessoas, por isso a minha dica é pesquisar um pouco sobre a sociedade estadunidense da década de 40, recomendo a leitura de resenhas e prometo que vai ficar muito mais fácil de compreender a mensagem e a escrita em si. 

Outro ponto que achei importante foi a influência da mídia nas crianças, as divergências entre as estruturas familiares, a segregação racial e o desenvolvimento dos personagens secundários, a autora conseguiu dar a atenção necessária para a história de cada um dos personagens secundários e todas as narrações se uniram no ponto da repetição dos padrões familiares. Inclusive queria salientar que só recomendo a leitura depois que vocês analisarem os gatilhos e a classificação indicativa (acredito que a editora deve ter disponibilizado). Vou dar 5 estrelas porque mudou a minha vida.



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